terça-feira, 1 de novembro de 2022

Fuck

 Sinto-me num vale de Almas desarticuladas.

Sem rumo, sem partícula dourada que me almeje cor.

Os azuis dos meus olhos teimam em sobressair os cinzentos das pernas andantes.

Será este o desígnio de uma evolução qualquer, neste planeta biológico, comandado por ciclos e contra ciclos?

Tanto barulho se faz, e cada vez oiço menos... Estou menos... Muito menos..

Vontade de desnascer... Volatizar-me...

O desenquadramento tão real e palpável quebra-me sonhos e sopros.

Resta-me apenas a felicidade que um dia vou morrer.

Até lá... Vou cavando, para não ouvir e não ver... 

Que o suor me tape a visão, e que o som da enxada na terra me oculte os grunhidos desumanos de gente torta.

Morrer... Anda! Desalgemar doce e eterno!