Existe alguem, Que chamarei de Manuel...
Que por algum motivo qualquer, sente a morte de alguem, sem o identificar, apenas sabendo que será do seu circulo, dias antes do mesmo acontecer... E dias depois do falecimento é visitado pela entidade respectiva conseguindo na maioria dos casos ter uma identificação definitiva.
Tive acesso a registos diários desta personalidade; ao qual se mantêm em puro segredo, com o único objectivo de salvaguardar a sua própria personalidade, evitando assim possiveis azias de uma sociedade materialista sem capacidades de colocar no mínimo em dúvida a possibilidade e a respectiva pesquisa de um possivel "outro lado".
Do que me foi autorizado a partilhar... ofereço com o meu pobre verbo, mas com a resiliência necessária para que a mensagem seja compreendida.
Algures no tempo, era frequente no final do dia de trabalho, Manuel tomar rumo a um pequeno café, de uma pequena localidade, apenas pelo prazer de se encontar com os locais, e dar corpo a histórias de vida vividas na primeira pessoa.
Dentro de um determinado grupo de almas, destaca-se uma de nome Luis, que alêm de ser fanático pelo futebol; tinha uma visão interessante de um grande leque de temas.
Desde comportamentos na sociedade, culinária, mercados internacionais, vigarices públicas, desporto em geral, automoveis etc...
Eram sempre horas de conversa sem que a discussão tomasse rumos mais agrestes; excepto quando o tema era tangente ao espiritismo, ou mesmo o esotérico.
Era uma alma que tinha em mente o nascer e o morrer em absoluto, sem sequer aceitar a possivel existência de algo mais; chegando mesmo a classificar de charlatões todo e qualquer individuo que tocasse no tema.
Era um Luis caminhante para os setenta anos, com um pânico irreversivel pela classe médica; mesmo assim, teria saúde para viver a reforma recente de uma forma minimamente juvenil.
Manuel a determinado momento teve ausente duas semanas; volvendo, segue na rotina construtiva de se encontar com Luis no café.
Ao chegar, foi inundado com a noticia da partida repentina de Luis.
Tomando café de um golpe, regressa a casa, envolvido em sentimentos de perda, e com a amargura de não lhe ter acompanhado até á ultima morada.
Manuel, senta-se em leituras, na tentativa de desprogramar a tristeza sentida.
Chegada a meia noite, assusta-se com estalidos fortes provenientes de um determinado ponto entre a parede e o tecto da sala; susto esse que desvaloriza mandando o corpo para o quarto, em comando adormecido.
Certo é que este cenário repetiu-se por mais 4 noites consecutivas; decicindo Manuel reflectir sobre tal barulho, permitindo-se concentrar em aceitação que algo teria de fazer.
Surpresa das surpresas... Era Luis, em estado leve energético, repleto de uma alegria nunca antes vista; e abordou Manuel com palavras breves sobre a sua partida, e despediu-se sorrindo e dizendo "Afinal o plano etéreo existe, tinhas razão...".
Manuel sentiu o silêncio em paz, que o próprio Luis tinha proporcionado
Fechei os manuscritos de Manuel, sem ler mais sobre o episódio; somando mais uma vivência registada; e fitei-lhe nos olhos um peso desmedido de quem não pediu nada, mas "sofre" continuadamente com vibrações inerentes a uma natureza simples e pura...
"Outro Lado"