domingo, 14 de junho de 2009

A flor violeta que viu o cabelo enferrujado da senhora importante

Era uma vez, uma flor que dançava no cimo do cume do monte azul,
banhado pela costa sul pelo sol de raios verdes,
costa norte soprada por ventos aromáticos de canela,
paisagem sobre um imenso mar alaranjado,
pedras aqui e acolá de cor pérola, chão de cetim…
Uma dança fluida e calma… ondulante
Uma felicidade natural
De fazer inveja a qualquer amante
Um verdadeiro pedestal
A flor violeta, reparou, na sombra que caminhava em sentido do cume do monte azul, de forma precisa e de andar altivo…
Uma sombra feminina, de toda formada em sabedoria, saber fazer….
A flor violeta terminou a dança, baixou as pétalas, aprumou as folhas do caule….
Sorriu, esperou pela visita…
Seria interessante um par de horas de conversa, pensou ela.
Espanto dos espantos….
A senhora importante tinha o cabelo enferrujado…
Que visão estou a ter
Um ser humano estragado
Uma senhora com tanto saber
Tem o cabelo enferrujado
A tristeza ferrugenta sentou-se de pernas cruzadas ao lado da flor violeta, espalhou o olhar em redor, admirou a paisagem…
encheu a alma com as cores que lhe eram oferecidas…
fechou os olhos, inspirou o vento doce…
Findo o tempo de contemplação, soltou uma pergunta….
Flor?
Onde mora a felicidade?
A resposta foi demorada, mas reflectida…
Não sei onde mora… como não conheço a tristeza, não necessito de procurar pela felicidade…Mas ouvi dizer que ela se conquista…
A senhora importante de cabelo enferrujado assentiu a resposta, e com um movimento suave acarinha a flor violeta, sorrindo…
Soltou o verso
Do nada se faz tudo
Do tudo se faz nada
Eu que perduro
Quero ser amada
A flor violeta, apenas se expressou com a dança fluida, pétalas valsistas.
A senhora importante do cabelo enferrujado sorriu…
conquistou o momento feliz… e ao perceber a simplicidade do gesto, com tamanha naturalidade, assim percebeu que a felicidade nunca se perdeu.
Do nada, em redor do momento, se juntam os gnomos que dali saíram, da pedra desinteressante, do buraco inexpressivo, do arbusto árido secante, até mesmo do vento, do seio do aroma de canela.
Juntaram-se em redor… e soltaram o ensinamento…
Senhora importante de cabelo enferrujado, em verdade vos digo…Estenda a mão a quem de alma é mendigo...
Esse lindo cabelo vai ter cor e a claridade,
Do tamanho amor que faz a caridade…
E não pense na recompensa
Não é disso que ela pensa…
É neste sólido contexto de serenidade
Que existe a verdadeira felicidade.
A senhora importante de cabelo enferrujado, ao sentir as palavras, fechou os olhos…
Navegou pelo passado
Analisou o que estava errado…
Levantando-se suavemente, no meio do quadro pintado de tons verdade,
Abre os braços…
A tamanha liberdade…
Desenha no ar breves traços…
Do saber respirar, que caminho percorrer
O sentido da verdadeira felicidade,
E com tamanho sorriso tornou a agradecer…
Passados anos, os cabelos já mais tinham ferrugem,
Um branco luzidio espalhava a luz por todos os recantos,
Um prisma cintilante, uma fonte de luz serena,
E uma mensagem pairava no ar…
“Quem quer… consegue…”