terça-feira, 2 de outubro de 2012

Caminho de folhas secas

Serei eu sem ser o que não sou
Engano-me descontinuadamente
Em frente… para onde vou…
Em incerteza ardente

Estaladiço destas folhas secas
Que aos meus pés faz sentir
Manto castanho contornos violetas
Alma quente polida sem cair

Não há agua que beba nem pão que tome
E da não fome que me desalimenta
Nem me lembro o que ela come
Caminho de folhas secas que me comenta

E no ser

Ter…

Caminho de folhas secas

Entre árvores esculpidas pela terra e a chuva, a ansia que me dás!
De desbravar com unhas partidas até que o sangue se liberte das pontas dos dedos!
E de dentes cerrados, dilatar as veias do pescoço com tal arremesso raivoso,
Corpo alma e sangue em todas as vírgulas, em todas as curvas, em todos os buracos.

Estorva-me esta vontade de pisar as folhas secas

Estorva-me… pensar que o caminho tem fim…

Estorva-me… pensar que não tem fim…

Estorvo-me…

Despindo-me a pele, tirando a carne, arrumando os ossos… sobra-me um ponto de luz…

Que voa… e cresce…

E volta a pisar.. o caminho… das folhas secas…