domingo, 17 de maio de 2009

Dá... e receberás...

O homem das sandálias...

1940 d.c. no alvorar em nenhures, do meio do papelão..
acorda vivalma, com barba viva de não se fazer...
era de uma cidade que se presenciava, um dono deste mundo cão
Homem do conhecimento, em real e do etéreo, pleno verdadeiro saber.

Ao lento passo, fazia-se caminhada, de roupa gasta e suja, em sandálias amargas, desde a esquina abandonada, com o sentido de matar a fome... não do estomago, mas da alma...
O ritual diário deste Mendigo era encontrar alguem reduzido, e dar em voz, o alimento da sapiencia, com o intuito de o salvar.
Percorria avenida movimentada, em que pessoas, despiam-se de humanidade, numa correria mecanica, embalados nos mais lustres papeis, escondendo prendas vazias...
Sons produzidos pelo invento do homem abraçavam a mais pequena pedra, abafando as claves de sol que a natureza autrora brindava...
Munido de uma clarividencia poderosissima... observa uma jovem alma, e reconhece-lhe a proveniencia...
Era uma sétima filha de uma sétima filha; figura reencarnada com objectivos de alcançar um amor perdido em tempos seculares... poções mágicas do passado negro, onde tudo acontecia, bastando para isso que o sangue corre-se, como se de uma dizima se tratasse.
Previsto éra que no presente o mesmo acontecesse, a todo custo.
O Homem das sandálias, em percurso tangente, passando por jardim verde esbatido, contorna dois fontanários secos, e coloca-se de fronte a donzela radiante... o transito circundava este espaço, que tanto sofria para oxigenar os dois quarteirões vizinhos.
Uma cara luzidia, em olhos verdes... cabelos ondulados, adormecidos nos ombros, de uma tez castanho claro... e um envoltorio de linhas perfeitas, como se um anjo se tratasse...
Foi abordada com um olhar sereno e magnetizante, pedindo acesso á palavra...
A jovem, sem reacção repulsiva... assentiu...
-Menina... se me permite, deixaria aqui, uma prosa.. e um acto apenas para a fazer sorrir..
-Senhor.. certamente, sinto que o faz por bem... serei ouvidos da sua palavra..
-Pedia-lhe donzela, que esticasse os braços, com palma das mãos viradas ao céu, olhos fechados, e mentalize o que lhe sopro...
Em pleno cenário citadino observa-se a posição pedida, sem que alguem tocasse a sineta de espetaculo.
-Imagine que tem um balão na sua mão esquerda...um balão extremamente leve (fazendo breve pausa)... na sua direita, um livro, velho, grande, pesado...
A imagem que se observava era de uma mão direita a descer, e de uma mão esquerda a subir... como se o cerebro fosse comandado por uma força qualquer invisivel...
A donzela, colocando os braços em baixo, abrindo os olhos e sorrindo... pergunta
-Senhor.. como me fez isto? senti-me sem qualquer tipo de controlo... uma mao subia e a outra descia...
O Homem das sandálias, baixando a cabeça, em sinal de humildade, projecta do saber com as seguintes palavras...
-É a mesma coisa que eu lhe começar a falar que estou a comer uma enorme maçã verde sucolenta, e repetindo a descrição, a senhorita, o mais certo é começar a salivar...
será daqui que lhe transmito, que em tudo o que fazemos, marcamos o proximo... e do nada seremos recebidos com mesma marca... tudo isto de forma silenciosa, sem que fio algum se veja.
Ora se tomar atenção, é na pratica do bem, que do bem receberá... assim como no oposto, dando no mal, é do mal que nos cobram...
E saindo em passo lento... segue rumo... O Homem das sandalias, perdendo-se no meio da multidão circulante...

Dá... e receberás...